terça-feira, 5 de maio de 2015


Notas sobre a porta ao lado - a arte separada da vida.

Eu queria escrever um texto sobre o despropósito da arte na vida. Eu queria escrever um texto sobre o despropósito da arte na tua vida. Me encontro espremida entre um saber supremo que me coloca sempre diante a uma grande aventura e a estupidez humana de nada saber mesmo quando se sabe. O nada saber mesmo quando se sabe se trata de uma eficácia em nos tornarmos ignorantes através do principio mais básico de todo ser social: a ignorância do outro. Quando ignoramos que há sim, o outro, que sabe tanto quanto a gente sabe sobre nada saber, nos tornamos sabedores inúteis. Sem os rodeios poéticos de que me valho quando quero dizer algo que acho que sei, me permito atingir o assunto através de uma tosse rouca que sai da boca pra fora arranhando qualquer limite do que é permitido. Não é porque você, ser alado, provido de muitas habilidades sobre-racionais, que trabalha na árdua tarefa de recriar o criado, aquilo que chama “atividade artística” – o faz – com todo mérito de “servo” dos deuses mais poderosos das poderosas bíblias mentirosas; se você é, supostamente, “artista” isso não faz de você menos humano que toda a humanidade que te suporta. Escrevo isto para colocar em evidência externa, ou no palavreado mais claro, vomitar palavras que me engasgam no dia de hoje, sobre sua supremacia aplicada na minha parede, aquela que destrói tudo por onde passa porque não suporta a presença do outro, negando o óbvio, atestando sua falta de habilidade para com o princípio básico de todo ser: ser social. Um recado enviado do nada e ido para o nada. ah! se você pudesse ler as palavras que escrevo hoje! De nada adiantaria, pois não há palavras, não há notas, não há acordes, estúdios, pianos-bares que fará você compreender a infinitude de nada saber mesmo quando se sabe.  Não há nada que fará você compreender que a “habilidade artística” não te dará os carimbos para teu passaporte da vida, não fará nada a não ser ajudar você a ser quem você é. Uma coisa a arte é, diferente da habilidade: ela é capaz de demonstrar aquilo que se passa dentro de você, com toda a crueza da realidade, aquela que não somos capazes de enxergar.





 àqueles que nada sabem mesmo quando sabem demais.