terça-feira, 26 de novembro de 2013

Entremeios

Escape de todas as formas rígidas.
Nos entremeios acontece a vida.
Forma indefinida de uma centelha perdida
em meio a uma urbe cheia de alardes.
Inconstante contato que se ganha,
 ao largar as formas previsíveis de se propagar
- por aí - num tempo que não parece ter fim,
quando se põe a olhar com os olhos do profundo.
Entre segundos certeiros profetizo um tempo perdido
Perco-me na imensidão do nada sentido.
Sentir-me nada e tudo, é o que sinto
quando estou presa – nos entremeios
- que é onde acontece a vida.
Centelhas de vida recaem sobre os espaços vazios.
Percebo isso hoje, como que por um milagre,
que dura a contagem de uma lembrança,
Que é a vida...
Que aconteceu nos entremeios do meu dia.

domingo, 17 de novembro de 2013

Laranja

Sensação de não pertencimento
Paciente sentido obscuro
Diante do sol poente
Fecho os olhos para o infinito de mim.

Tudo o que vejo a volta
são olhos desvirtuados
Sentidos canalizados
Num mar de puro cetim

Sou ânsia, desejo e vontade
Desequilibrando numa pedra fria.
Um tempo escorrente
apontando para o alcance de uma nuvem.

Fria sensação
Olhos mareados, marejados.
Balançando contra o vento
Não se depositam nem na memória,
 nem no derramar alaranjado.

Um laranja de céu,
Enquanto eu sempre pensei que fosse terra.
É bom que seja assim,
De modo que a cor esteja fora de mim
E tão dentro da eternidade...

Serei eu sempre a pedra?
E o triste poente no mar?
Olhos negros, jovens, serenos
Pele, rosto, sensação e fim?

Não sinto o que sinto
Nem sei o que sou
Num segundo, viver é como um gosto forte de bebida quente,
Amarga, doce sensação de prazer temporário
Despregado das águas alaranjadas...

Começou com um poente
Um desapego afagado em mim.
Termina com uma cadência incompleta
Um acorde soando sem fim.

Tema e desenvolvimento
Caos e perturbação
Avalanche, estar ausente
Do chamado coração.

Pedi eu para estar aqui?
Não, só pedi para ser aqui.
Não está sendo suficiente.

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Latente (aquilo que não se manifesta por fora)

Estou com uma urgência latente,
não sei se é de dentro ou de fora.
Dívida, estarei sempre atrasada
naquilo que ao coração cabe dizer.
Deixarei que algumas lembranças me embalem nesta noite,
Pois sei que de onde estás nada mais há pra colher.
Mas sei que o teu dizer calado sussura ao pé do ouvido do vento
E chega até aqui.
Uma urgência de palavras, sacia a sede da noite.
desprenderei desavisada do pensamento pulsante
desavisando o coração de que ele, nada sabia.
Desprendendo minha alma da tua
Chegarei num lugar tão sozinha
que só a sua sombra me acompanhará.
Entretanto, a urgência continuará lá.
Irresoluta e inconfidente
traindo-nos a todos,
pulsando tua alma na minha
de modo que não haverá dia, nem tempo, nem lugar.
Dentro da noite suspirarão estrelas
Quando esta dívida acabar.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Tem poesia que não pode existir


Não, não posso escrever hoje.
Avante mais uma noite,
segura aquilo que te move
seja a paixão ensandecida
ou a sombra escancarada da tua alma.

Tem palavras que simplesmente não podem ser.
Não há como ser, menos assim -
Que seus sentidos mais profundos...
Não há como ser menos!
Elas se perdem
Se escritas;
Perdem todos aqueles sentidos não ditos.

Não, isto não...
Não despejarei encantamentos sonoros mais uma vez,
de qualquer jeito.
Pois o que eu quero dizer, de tão soturno dentro de mim,
não se extrai com um simples amanhecer.

Tem poesia que simplesmente não pode existir,
Não pode aparecer
Desaparecer
Em alguns versos banais...

Ver a poesia
Às vezes é diferente de escrevê-la.
Eu vejo.
E quando vejo me transbordo.