quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019


Reflexão prosa-poética do dia (necessidade de escrever - leia quem puder e salve-se quem quiser):

Pensei em escrever sobre a diferença entre os seriados americanos e os seriados europeus. Me parece que as problemáticas do momento se situam na retratação da geração dos 80’s, em mais uma quebra de expectativa do que seriam nossas vidas na década de 10 do século XXI. Temos agora a possibilidade ínfima, ao menos, mas real, de poder visualizar o personagem feminino que teve a oportunidade de escolher sobre a própria vida, reinar-se sobre si mesmo, mesmo com todos empecilhos que a tomada de liberdade indicam ao longo do roteiro, demonstrando que na verdade, o estigma das “escolhas” de uma vida reta e linear nunca saíram, ou sairão da moda. Os europeus tentam, mas não conseguem imitar a imitação da vida tanto como os americanos o fazem. A fórmula do entretenimento é simples mas não menos complexa: nos identificamos não só com os personagens, mas também com o desejo de que a vida fosse apenas “temperada” com os nossos conflitos existenciais, e que a base de tudo são as supostas amizades ou vida que “escolhemos” para nós mesmos, não aquela escolha sartriana, uma mais leve, um “acaso do destino”. Engolimos. Não reclamo, porque de fato, o entretenimento apesar de irreal, existe e se existe, se torna parte do mundo das coisas palpáveis.
Não por acaso, hoje escutei três histórias a respeito da modo de viver masculino, a ver, de homens que, passados seus 50 anos, procuram inconscientemente algum tipo de descuido consigo mesmo para chegar mais brevemente à “terra do descanso”; (uma alusão direta a um determinado ponto de um jogo de videogame, que eu, ao altos dos meus 33 anos, descendente da geração prometida, aprendeu a jogar. Imagine só esta possibilidade há alguns anos atrás; vivemos de fato em outro mundo). A terra do descanso é esta mesma, onde Judas perdeu a alma, onde todos amam falar sobre sem ao menos se darem conta de que estão, hic et nunc. Escrevendo, sentindo e postando.
Voltando à história dos descendentes de “Adão”, o fato contestável em tempos de consciência feminina é de que assistimos nossos pais e avôs caminharem inconscientemente para a “perda de si mesmo”, tementes de suas histórias ativas de mágoas, violência, poder, impossibilidade de exprimir sentimentos, encarcerados numa bolha de limitações das quais não se exclui de maneira alguma a imposição absurda sobre o gênero oposto, este fato também, nunca saiu de moda. 
Foram três histórias, ao menos hoje, que dariam assunto/tema para muitas séries americanas e européias. Existem algumas tentativas, como por exemplo a comédia “Brooklin 99”, pastelão americano que tenta quebrar os tabus “homenzísticos” de forma leve e…bem…americanas. (Para saber mais assistam: https://www.youtube.com/watch?v=WILfDC3QaSc&feature=share)
 Mas respeito. Estas ideias são apenas ideias, que precisavam ser expostas e nunca soube escrever de modo muito academicista sem levar em conta uma certa escritura “de ouvido” das palavras, leia-se poesia. 

sábado, 16 de fevereiro de 2019



Pra dentro, vertigem


Um súbito desponto
Um improviso insólito
Anda pelas beiradas, 
De um precipício ativo, 
Cérebro alarmante
De couraças reluzentes
Num diz que diz de incertezas
Cruéis friezas
Que despontam entre os astros
Minha e tua realidade
Tristeza, 
Infinito decadente
Descaso do ocidente
Num acaso arranjado, mareado, 
Final de tarde preguiçoso,
rançoso,
Igual e meramente
Um improviso insólito, calado
Pra dentro, vertigem
Pra fora, viagem.