quinta-feira, 23 de dezembro de 2021

 Reflexões sobre o feminino I


Permito a minha subjetividade

de mulher, 

dar as costas ao que um dia já fui por um momento,

Acolho a sensação de ter ido além, 

mais do que pude,

para explorar sensações

que de mim se emanciparam,

Alforria. 


Desde cedo o arrebatamento

do tornar-se algo além de mim mesmo, 

da minha concha,

meu casulo, 

meu corpo entremeado

lançado ao mistério da vida.


Se sou essa que penso ser,


porque também não ser outra? Ou muitas…


Há essência no ventre impune de uma mulher?

Há punição para o gesto de se lançar à vida quando esta é a única maneira possível de arrebentar?


De repente tudo ficou claro, 

sei quem eu sou.


Não preciso mais de senha, solstício, saudação.

Não preciso mais de fendas, talvez apenas de sonhos.


Tornamo-nos, disse a profeta.