quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Simplesmente por não saber o que escutar neste profundo silêncio


Um nó perfeito que não desata a não ser por uma imperfeição.
Escuto um pedaço de voz caindo ligeiramente.
Há passos em falso pelo meio,
Mas nada como a tua voz.

Intensamente, estudo o inverso do ser
Numa equação pronta a ser desvendada.
Não enxergo o que os meus olhos vêem.
Por estar friamente enamorada.

Sou um pulso que de gelo derreteu,
Uma vida obscura e entornada.
Um olhar, de relance você me deu
Abrigando nova vida, espalhada.

Não escuto o que os olhos da noite me dizem
Pois ando por aí, embasbacada...
Surdo e mudo o inverno anuncia despedida.
Da minha alma, pesada e afogada.

Viajo por medo,
Viajo então
Nas sombras de um desejo.
Meus passos neste chão.

Carrego uma mala
De tão espessa não falha,
Não roda, não anda, não se pode levantar
acumula, toda esta terra vida
Exagerada.

Penso em ti como se nada houvesse
No entanto, um suspenso acorde me ressoa
Distante, próximo como o vento,
Fechado como um container
Um navio à deriva
Imagens...

Não posso passar de sentimento
Este acorde tem tom de menor.
Divaga, bem perdido, o pensamento
Num feixe de notas de cor.

Estendo-me para dizer
É o amor!
De ver e não ver, de sentir e de nada valer a vida real.
É a dor,
Surpreendendo-me feliz,
Fingindo sobrepujança
“um poeta é um fingidor”
Escancara a porta pra te receber
Com a dor que deveras sente.

Um diálogo palpitante
Parece despertar em mim.
Uma contradição que explode como semente
Estilhaça-os todos!
Quem?
Os pensamentos?
Os segundos atribulados?
Um passo antes de um fim.

Ousei terminar assim!
Não posso comigo mesma...
Fingirei que não sou nada,
Não posso ser nada,
Apesar de ter, ser,
você do outro lado,
eu a te mirar
um futuro enquadrado, eu
em um segundo, completo, reinar. 

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