domingo, 10 de junho de 2018


Percepción

Ruas, esteiras cinzas onde correm pessoas, 
rios de lava alma, 
dejetos desígnios de um ser corrente que passa
todos passam, 
ligeiramente sóbrios e identificados, 
na janela arguta de um edifício a ruir
Não me encontro, 
e minhas veias não estão abertas, 
as paredes estão manchadas
ecos de edifícios com mil camadas a dentro
Que hacemos hoy?
Com nossos filhos, com uma terra sem promessa, 
sem chão e sem mar, 
sem ter por onde ir, porque talvez queira mesmo ficar, 
Um sabor amargo de frutas que crescem pedindo espaço.
Um poeta na estante, 
sim,"aquele que escreve poemas", não os outros, as estátuas e monumentos , 
mas os poetas, por onde eles andam?
Pelos muros mulheres, impressas numa tinta sem rastro. Quem são elas?
Escolho este momento, pois ele é único 
ele é cheio daquela vida que existe em mim, 
numa pausa incomoda, 
num olhar verdadeiro, 
num cansaço real numa terra distante, em qualquer uma, naquela outra que se chama meu lugar.


Asunción. 08/06/2018

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