Conexão inútil com o escuro
Descobri que quero a noite
pra mim
Um escuro que me adormeça de
olhos abertos
Não quero mais ter que
esperar por um alívio sorrateiro
Que nunca vem.
Viajo pelos 365 dias, como se
fosse antes,
E hoje, já é um amanhã vazio.
Vertigem da maré que resolveu
sair pelos olhos.
Não se mobilize pelo meu
pesar,
Pesa que estes meus olhos não
sejam os teus.
Pesa-me sobre todo o corpo.
Suas manhãs marejadas que não
tiveram motivo pra nascer.
Luz sobrescrita nas telas de
um jardim
Espasmos silenciosos de
planta que desabrocha e não nasce.
Qual será o som que resvala
de suas entranhas?
Simplesmente o caos.
O barulho da intromissão dos
atos nos acontecimentos.
Acontecendo, impede de
agirmos.
Tuas palavras finas e
grossas,
Soam como um chacoalhar de
sementes num campo parvo,
Inútil, infértil.
Conexão inútil com o escuro.
Viestes me defender do
improvável em mim.
Sempre apareces sorrateira,
Para que eu nunca mais deixe de fechar os olhos ao adormecer.
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