terça-feira, 10 de dezembro de 2013


Espera

 Voltamos ao objetivo principal:
o seio de tudo
largo e obtuso
Volta em um círculo de pontas abissais.
Me segurará na superfície hoje?
Ou morrerá pra mim, como as notas que escuto nesta cavidade automática?
Conte-me uma história
Com baixos caminhantes para lugar nenhum...
Apronte-me uma elegia como esta que está prestes a acabar...
a cada segundo que passa.

Retorno a tradição de um pensamento matriz?
Sou eu a desvendar-me diante de todas as coisas do mundo?
O tema se repete e parece não se conter
Contador de histórias...
adeus...
A morte das minhas palavras será tão certa como a morte das suas idéias sonoras.

Mas compartilhamos de um mesmo roteiro, adequado ao nosso viver!

Passam-se os anos e não compensa mais nascer.
Houve um tempo pra isso, pra nascer.
Houve um tempo que a nota pedal restava vagarosa
Sutilezas sobre o contínuo?
Invenção matemática de um torpor?
Luz sobressaltada de harmonias inconclusas?
Houve um tempo em que tudo era necessário.
E hoje, nada mais é que cores vagantes, perdidas.
Mesmo assim insistimos em nascer!
Não nos damos por perdidos.
Restam as polifonias de nossas vozes internas.
Ambiente obscuro
De uma espera
Que não se perde em esperar.
Esperar significa, muitas vezes, transver.
Contar cada tempo como uma experiência atemporal.
não sei mais o que digo!
Só sei sobre aquilo que espero. 



Ao som de "Goodbye Storyteller" - Brad Mehldau - Elegiac Cycle

Nenhum comentário:

Postar um comentário