quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Sem impasse 

Sem impasse, na verdade
Tudo o que vejo agora é a simples cru ironia
Do jogo das palavras, da memória
De algo que me vem mas não sacia.
Me ensandeço de pensar
Que o amanhã nada revela
Além de ser outro, um outro diferente
E talvez, completamente ausente.
Nestas frias horas internas
O que me condena é também o que me revela
A intenção por detrás da janela
Congelando, espreitando
Tudo a sua volta
E nada vê,
Pois o amanhã, frio e brusco
Pode repelir, qualquer sinal de tolerância
Tolerância com a vida lá fora
Que por agora, jaz na memória.


Escrita em 12/04/2012. Destas que a gente nem lembrava que existia.

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Museu de memórias

Um grito,
Escapada de viris ferroadas
A sensação de não ter dor durante a dor,
A transcedência...
As vozes rubras de ódio organizado
Anunciam frondosas, o retorno de um tempo recesso,
Retrocesso,
Acesso,
às infinitas significações de sofrimento.
Olhos atentos.

Mentes talvez vagas, 
pensando na parcela de seus apartamentos.
Ou na apatia imóvel de seu móvel.

Não suporto, não aguento.
Mais ainda assim algo maior me chama.
Atendo ao pedido,
Já com a medida do copo se esgotando.
Aprendo como é suave ter dor e não sentir.
Ter dor e não sentir é como caminhar por móbiles de algodão.
Rostos acessados por luzes de velas frontais.
um delgado trozo de terra,
Um senão em meio às certezas.
Os rostos, cabelos negros,
A sutileza de um traço
Continua caminhando por aí.
(Eu mesma constatei)
Feitos de mistério que instigam e provocam.

Política perversa
Nos comanda sobre o nome de outros personagens.
Cooptação, comodismo maligno.
Fazem de nós personagens num papel inverso.
Propagadores de tais morais e bons costumes,
Assumamos nossa ignorância.
(Optemos por férias em Miami)
Para perdermos da forma mais derrotada que alguém pode perder. 
Tentar apanhar as palavras

Tentar apanhar as palavras
Entre um pensamento e outro
que passa correndo,
É tarefa para detetive,
Ou um sábio competente.

As idéias me saltam tal quanto me devoram
Finjo descrever o indescritível
E dou-me por satisfeita,
Entre um pulsar sonso das letras
Ou um turbilhão feroz dos sonidos.

Ao longo do caminho perdem-se as letras,
as ideias ideais,
um tanto quanto, e às vezes, filantrópicas
mal amadas, vazias e quadradas.
Sempre esperando por acabamento.

Misterioso ato de prendê-las,
num vazio tão plano como o deste papel em branco.
Apoioado sobre almofadas chilenas.