quarta-feira, 24 de outubro de 2018



Dia III

Duas semanas sem a rede
fiquei toda virtual,
a realidade me pegou de jeito,
afetou a mente, o desapego e o gestual.
O sorriso se tornou duro,
meus braços doentes de desabraço,
a boca de um agir bem imaturo,
o coração ferido num vazio espaço.
Entre ameaças infligidas,
e resoluções sem cabimento,
Pensei eu, bem aturdida:
Como faço para manter discernimento?
O silêncio às vezes é arma forte,
muito mais que as armas de um general,
mas contudo sei que por trás da morte
sempre há a renascença, num sentido nada literal.
Resistência é não se permitir deixar,
sentir repúdio, ou qualquer sentimento dolente,
que fere, entope, todos os sentidos ardentes...
Seguir firme naquilo que acredita,
abraçar o distinto, a minoria.
Sim, ter as mãos e a cabeça erguida,
continuar no desfecho de cada dia pensando,
o trabalho da arte acreditando,
os ouvidos muitas vezes reclamando...
Mas o que eu tenho de mais profundo,
é o que dorme em mim e desperta num segundo,
É o olhar profundo da compreensão,
de que nem todos dormem infecundos
a semente que planta nascerá,
num destino desatado de viver,
na aventura do pra sempre resistir,
Em mim este suspiro não morrerá!
Seguimos!

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