Noite II - Diário que não quer ser, não crescer....
Hesito em escrever. É triste retirar de um casulo bem ordenado, ideias caóticas, que se espalham como ramos ao longo do dia. Estes ramos penetram em algumas profundezas, se alimentam de memória. Sobre cada capítulo da vida retiro um ar consciente que me coloca em prontidão.
Percebo que dentre todos os meus pensamentos, um paira solto; um não, dois. O primeiro se trata de perceber que o racional, o que parece lógico, humano, profundamente humano, se esvai quando percebemos que tudo que rege o aqui e agora são forças antagônicas, que se parecem com cavalos desgovernados, que possuem a natureza da obediência, mas não sabem se educar sem um estalar do manuseio forte. O segundo pensamento me mostra que crescer, ser adulto, é como folha desgarrada da árvore, que se encontra perdida e levada por outros ventos, ou ainda como uma incoerência de uma chuva que não arrebenta pra refrescar.
Todos os dias tenho acordado com a sensação dolorida daqueles que sofrem, ou que por ventura irão sofrer, tentando aceitar amargamente o curso que a razão toma diante dos misteriosos caminhos que tomamos sem saber que estávamos seguindo.
É insuportável assistir o definhar da razão, dia a dia, gota a gota, tanto no pensamento externo quanto naquilo que me cabe sentir.
Adormecerei novamente sentindo a luz apagada roçar meus braços, o pensamento atingir uma estranha e inesperada calma. É muito significante sentir uma insignificante confusão. Nada mais parece importar.
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