sábado, 5 de novembro de 2022


Comme d’habitude, muitas vezes me enrosco entre a poesia e a prosa poética. Il faut que nous écrivions toujours, mas não antes de sentir um chamado das palavras, que podem sair de qual for a experiência estética. Quando digo « experiência estética » falo do preciso momento em que o suspiro toma conta de seu peito, e se refaz, através da quadratura exata de tua respiração, aquela que lhe dá o ar necessário para suportar as surpresas do mundo.
Não é preciso que arte seja bela, que o quadro seja perfeito, ou que as flores estejam corretamente vivas. Pode ser que a quadratura da respiração seja dada por exemplo, pelo bueiro de uma rua qualquer, pela parede despencando de um coin sem importância, ou mesmo pelos encanamentos que insistem a subir pelo exterior dos bâtiments.
Assisti hoje um filme chamado « Paris » , pela necessidade de estudar esta língua vivente e medieval, como disse um amigo. Meu streaming também virou francês. Um mês vivendo por estas terras e pude ter, minha sensibilidade através do filme - que é simples, mas possui uma maneira de contar extremamente interessante e sutil - despertada. Acho que a estou conhecendo bem. Aprender sobre um país, ao contrário do que muitos pensam, não é (apenas) subir em seus monumentos ou frequentar seus museus. É pra isso que a arte serve; no caso, o cinema, mais uma vez, sublinhou e sublimou minhas sensações e conhecimento. Percebi que estou adjacente, que respiro um pouco na quadratura da respiração desta cidade luminosa.
Não sei como explicar o filme, mas diria desta forma: morte-vida e movimento, acaso ou não, acabam por se acentuar quando passamos desapercebidos pela vida. Eu sei, hipócrita leitor, que pouco me faço entender; mas a arte sobretudo é isso. De qualquer forma, indico a película, principalmente para aqueles que já viveram nesta cidade.
Falava que não era preciso que as flores estivessem corretamente vivas. Muitas vezes elas continuam a espalhar um pequeno traço de vida mesmo que despedaçadas. Encontram uma quadratura no vento, continuam respirando como antes. Talvez mais livres. Sem a obrigação da beleza contida e do ideal equilibrado de beleza. Quem compreende o rastro de qualquer coisa, pode viver perseguindo a vida.

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