sábado, 5 de novembro de 2022

 Movimento

Volto com o movimento nos ombros, nos braços, na perna.Trata-se de uma consciência que, depois de aberta a porta e mergulhado o corpo não há como sair. Não há retorno, apenas continuidade. É o mesmo para essa juventude que despertou o potencial do mundo aberto, das escolhas disponíveis, de saber que o outro também tem lugar. Eu faço parte dessa configuração e dessa massa, e saio desejosa de que nosso cotidiano fosse sempre ocupado por pequenos gestos de movimentos. Movimentos concretos.
Não há em prol de, há permanência em, substantivo concreto, ficar sem sair do lugar, não abrir mão daquilo que se pode conquistar.
Não é nada material, nem ao menos volumoso, é a o movimento do dia a dia aprofundado, do saber que a consciência e o conhecimento, inevitavelmente andam de mãos dadas.
É torcer para um cair da tarde musical, para um cair das folhas homogêneo, um cair no ralo as palavras de mal-trato, de arrogância, de prepotência sem nada saber. Sem movimento.
Entendo que muitos não consigam ver por trás da bruma fina de rancor que lhes tapa os olhos. Entendo que entre os olhos e a bruma fina há a paralisia, os sentidos não despertos, a crença na fantasia brutal. Havemos de rompê-la.
Não consigo sair de dentro da sinuosa e ousada expressão artística. Não consigo falar através da boca, essa que muitas vezes cala diante às atrocidades. O movimento vem de dentro é continua ser chama acesa, mesmo que abrandada por ventanias usurpadoras.
Seremos. Serenemos. Atentos. Movidos.

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