Gentis serpentes
Gentis serpentes chegam pra anunciar o dia
Gentis serpentes chegam pra anunciar o dia
Rabisco a
fundo o papel gasto,
Tentando deixar uma marca infalível
Tentando deixar uma marca infalível
No presente
do tempo, num futuro nefasto.
Entendo que
o presente não pode ser mais que isto
Um bicho
curvado, uma raposa astuta
Matreira,
adentra o mato
Se esconde
pra não ser vista!
Deixo de
lado o passado obscuro
Ao mesmo
tempo em que navego no verbo presente
Sentir,
doer, estar consciente
De tudo
aquilo que me nego de fato
A negação
de tudo,
pronta pra
dominar a cena
Acena, tal
qual viúva
De um
esposo que ora findado
Ocupa
espaço no armário fundo.
Gentil
criado
Que
recolheu os meus cacos
Vê lá se
não sobrou um apenas,
reluzindo
atrás da porta ou no vão das gavetas.
Recolha-o,
calado.
Não perguntes nada, apenas traga-o,
Quando estiver de olhos nele
Quando estiver de olhos nele
Saberei o
que fazer com este pedaço que me falta.
* Inspirado em parte no poema de Álvaro de Campos "A minha alma partiu-se"http://www.citador.pt/poemas/a-minha-alma-partiuse-alvaro-de-camposbrbheteronimo-de-fernando-pessoa
* Inspirado em parte no poema de Álvaro de Campos "A minha alma partiu-se"http://www.citador.pt/poemas/a-minha-alma-partiuse-alvaro-de-camposbrbheteronimo-de-fernando-pessoa
Deixo de lado o passado obscuro
ResponderExcluirAo mesmo tempo em que navego no verbo presente
Sentir, doer, estar consciente
De tudo aquilo que me nego de fato
<3