terça-feira, 15 de outubro de 2013

Um passo adiante do fim

Descobri que escrevo através de sons.
Escrever de ouvido, tática bem-vinda
quando os olhos não estão bem para sentir.

Desde aquele passo,
calado na avenida muda,
penso em mudar radicalmente o rumo do barco
apontar em outra direção
a regência do maestro surdo.
Encontrar descompassado
Aquele ser senso de outrora.

Marcha lenta, coração apressado,
caminhar num corre,
estrada sem fim.
Sentada ao contrário, vejo o passado,
choques anti-horário,
invertida sensação de mim.

Sou aquele animal aterrado,
que se farta da água numa imensa terra planada,
achatada, tola e inerte,
que assiste por quem passa,
os passos descompassados.

Sou aquela que não sentiu -
no caminho contrário do trem -
o vento que urdia na pele,
o tempo de um temporal longínquo,
Pois o olhar mudo
não estava pronto para sentir.

Sou aquele quadro inacabado
que permitiu uma explosão intacta,
mas logo depois recebeu uma chuva de pinceladas vazias,
Brancas,
Aturdidas,
Num mover descompassado das mãos...

Um passo adiante do fim, 
que se olhado ao inverso
É um começo de sensação.
E um começo não é nada, 
mas já aponta radicalmente
para aquele avesso de mim,
que sempre me soou tão bem...

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