Um passo adiante do fim
Descobri
que escrevo através de sons.
Escrever de
ouvido, tática bem-vinda
quando os
olhos não estão bem para sentir.
Desde aquele passo,
calado na
avenida muda,
penso em
mudar radicalmente o rumo do barco
apontar em
outra direção
a regência do
maestro surdo.
Encontrar descompassado
Aquele ser senso de outrora.
Marcha
lenta, coração apressado,
caminhar num
corre,
estrada sem
fim.
Sentada ao
contrário, vejo o passado,
choques anti-horário,
invertida sensação
de mim.
Sou aquele
animal aterrado,
que se
farta da água numa imensa terra planada,
achatada,
tola e inerte,
que assiste
por quem passa,
os passos
descompassados.
Sou aquela
que não sentiu -
no caminho
contrário do trem -
o vento que
urdia na pele,
o tempo de
um temporal longínquo,
Pois o
olhar mudo
não estava
pronto para sentir.
Sou aquele
quadro inacabado
que permitiu
uma explosão intacta,
mas logo
depois recebeu uma chuva de pinceladas vazias,
Brancas,
Aturdidas,
Num mover
descompassado das mãos...
Um passo
adiante do fim,
que se
olhado ao inverso
É um começo
de sensação.
E um começo
não é nada,
mas já aponta
radicalmente
para aquele
avesso de mim,
que sempre me soou
tão bem...
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