É poesia na certa
Era pra ser
companhia mas é só solidão.
Era um dia
findando na noite em vão.
Era o olhar
sereno que acalma as vozes da multidão.
Era para
ser eterno, mar aberto, calado, nos dando a mão.
Confuso, eu
me faço em prantos, nesta canção.
Não tem mais nada de perto, deserto, teto no chão.
Mas todo o ar que respiro vem de um acorde, que está preso, num arranhão
De uma
harmonia bem solta, leve e pronta, amarrada, em uma ilusão.
Sei que você não existe além daqui,
dentro desta noite escura.
Sei que o mundo
lá fora, espera acanhado,
uma explosão segura.
De nossas
faces tocando,
uma a outra assim.
De uma
palavra veludo,
agitando o profundo, alma sem fim.
É poesia na
certa que nos move,
sangrando, vida atroz!
De onde vi um cenário, de um aquário,
naufrágio,
de um mar em nós.