segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Movimento sinestésico

I
Ora clamo, ora insano
ora busco o improvável.
O dia tem pose de maiúscula
À noite, meu bem, eu me calo.

Um pulo, desalento,
num quadrado um retorno sem fim,
Verás e talvez descubras,
O que está estancado em mim.

Ouço conversas, observo inquieta
Sou eu a falar-me mais do que a boca pode?
Sou eu que escuto o silêncio inútil?
Espero estouros, palavras, gritos?

II
De uma rua então vazia,
olho para os dois lados.
Automóveis que passam
Arredios, quarteirões.
Imaginação.

III
Tentar mergulhar no risco?
Um risco subterrâneo,
que nasce nas entranhas de uma galáxia.
Retoma sua forma em estranhas estrelas pontiagudas.
Tudo aquilo que é debaixo
Não pode estar no universo.
Puxa-me com uma sonda,
e tudo aquilo que submerge,
Emerge,
Objeto frio, sentimento,
A arrancar-se do coração.
Devagar.

Quem se nega a cobri-lo de terra,
quando não se colhe dele nem um grão?
De onde nasce o olhar da sombra
da terra perdida na imensidão?

IV
De repente a poesia se tornou laranja,
Finquei os pés, súbita agonia,
De quem não se mostra e se imagina
coberta de razão, temendo a luz do dia.
                                        
Me atiro na água fria,
Congelada, dos recantos do meu pensamento
Onde um barco desgovernado
Explora os recantos de um alagamento.

Daquilo que restou.
Tiro a última palavra.
Palavra.

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