Movimento sinestésico
I
Ora clamo, ora insano
ora busco o improvável.
O dia tem pose de maiúscula
À noite, meu bem, eu me calo.
Ora clamo, ora insano
ora busco o improvável.
O dia tem pose de maiúscula
À noite, meu bem, eu me calo.
Um pulo,
desalento,
num quadrado um retorno sem fim,
Verás e talvez descubras,
O que está estancado em mim.
num quadrado um retorno sem fim,
Verás e talvez descubras,
O que está estancado em mim.
Ouço
conversas, observo inquieta
Sou eu a falar-me mais do que a boca pode?
Sou eu que escuto o silêncio inútil?
Espero estouros, palavras, gritos?
II
Sou eu a falar-me mais do que a boca pode?
Sou eu que escuto o silêncio inútil?
Espero estouros, palavras, gritos?
II
De uma rua
então vazia,
olho para os dois lados.
olho para os dois lados.
Automóveis
que passam
Arredios,
quarteirões.
Imaginação.
III
III
Tentar mergulhar
no risco?
Um risco
subterrâneo,
que nasce
nas entranhas de uma galáxia.
Retoma sua
forma em estranhas estrelas pontiagudas.
Tudo aquilo
que é debaixo
Não pode
estar no universo.
Puxa-me com uma sonda,
e tudo aquilo
que submerge,
Emerge,
Objeto frio, sentimento,
A
arrancar-se do coração.
Devagar.
Quem se
nega a cobri-lo de terra,
quando não se colhe dele nem um grão?
De onde nasce o olhar da sombra
da terra perdida na imensidão?
IV
quando não se colhe dele nem um grão?
De onde nasce o olhar da sombra
da terra perdida na imensidão?
IV
De repente a poesia se tornou laranja,
Finquei os pés, súbita agonia,
De quem não se mostra e se imagina
coberta de razão, temendo a luz do dia.
Finquei os pés, súbita agonia,
De quem não se mostra e se imagina
coberta de razão, temendo a luz do dia.
Me atiro na
água fria,
Congelada, dos recantos do meu pensamento
Onde um barco desgovernado
Explora os recantos de um alagamento.
Congelada, dos recantos do meu pensamento
Onde um barco desgovernado
Explora os recantos de um alagamento.
Daquilo que
restou.
Tiro a última palavra.
Palavra.
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