segunda-feira, 23 de setembro de 2013

É poesia na certa

Era pra ser companhia mas é só solidão.
Era um dia findando na noite em vão.
Era o olhar sereno que acalma as vozes da multidão.
Era para ser eterno, mar aberto, calado, nos dando a mão.

Confuso, eu me faço em prantos, nesta canção.
Não tem mais nada de perto, deserto, teto no chão.
Mas todo o ar que respiro vem de um acorde, que está preso, num arranhão
De uma harmonia bem solta, leve e pronta, amarrada, em uma ilusão.

Sei que você não existe além daqui, 
dentro desta noite escura.
Sei que o mundo lá fora, espera acanhado, 
uma explosão segura.

De nossas faces tocando, 
uma a outra assim.
De uma palavra veludo, 
agitando o profundo, alma sem fim.

É poesia na certa que nos move, 
sangrando, vida atroz!
De onde vi um cenário, de um aquário,
naufrágio, de um mar em nós.


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