segunda-feira, 2 de setembro de 2013

Cárcere

Fui até o fim de uma dor pungente
e hoje crio-a dentro de mim
como uma obra ordinária e lúcida.
E ela tem o dever de me mostrar o infinito que é conhecer a si mesmo.

Desta boca obstinada em dar uma sentença para o coração,
saem palavras que se rasgam de tanto saber,
se tornam rígidas -
dão a punição adequada para o meu querer saber demais.

As algemas desta teia enferrujada pelas linhas do tempo,
que teceram nas horas o seu passar e pesar quase absoluto,
são algemas que te prendem junto ao cárcere criado por ti
e que só existem quando pensas que podem elas existir.

Com a fé religiosa de um abade criminoso,
com a engenhosidade de um cientista desprevinido,
com a loucura de um insano curado,
procuras por tua fé, tua engenhosidade e tua loucura
e acharás todas elas, presas no cárcere que criastes.
Mandastes escolher "a dedo" os objetos que o compõe
e trancastes a sete chaves as portas que nem existiam.

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